terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Blog Speed Day - Passo Fundo e Guaporé (IX)

Depois de ter andado com o Fórmula Ford, já se aproximava o horário do almoço. A ambulância já estava prestes a deixar o Autódromo e só retornaria após as 13 horas, e os carros já começavam a ser recolhidos. Fomos até o centro de Guaporé a procura de um restaurante.
Um breve pit stop pra 'forrar' o estômago - ouvindo um monte de mentiras do "Vitão", do Eric, do Lucca, do "Belair" e mais alguns que estavam na mesa ao lado - e voltamos para a pista.
Assim que a ambulância assume seu posto os motores voltam a roncar, sou 'escalado' para o Fitti Vê, que me é passado pelo Ceregatti, que encosta ele nos boxes com cara de quem acabara de chegar do céu.
Antes de contar como foi, uma rápida pincelada na história: a Fórmula Vê surgiu na Europa e nos Estados Unidos com o objetivo de ter uma categoria com carros monopostos equalizados e de manutenção barata.
No Brasil não foi diferente, sendo que a categoria viveu seu auge na temporada de 1967, e grandes nomes do Automobilismo Brasileiro passaram por ela, como Emerson Fittipaldi, Wilsinho Fittipaldi, Jan Balder, Bob Sharp, "Chiquinho" Lameirão, José Carlos Pace, "Totó" Porto, Maurício Chulam, Lian Duarte, Ricardo Achcar, Pedro Victor De Lamare e tantos outros.
Isto posto, só resta dizer que esse carro tem um valor histórico incalculável, e a responsabilidade em 'colocar a bunda' ali dentro é gigantesca.
Com muito cuidado e seguindo as instruções que o "Cerega" e o Lucca me passavam, vou me ajeitando no cock pit, já com a impressão que não ia caber lá dentro.
Assim que acabo de me acomodar, a primeira agradável surpresa: deu certo, eu entrei! (e como diz o meu pequeno João Henrique, "eu cabeu").
Uma foto reunindo toda a família pra registrar aquele momento único...
... mais uma fazendo 'pose' de piloto...
... uma olhada nos comandos do carro, botão de partida...
... e lá vou eu pra pista.
Se comparado ao Omega e o Fórmula Ford, carros que eu havia andado antes, o motor é fraco, tem apenas 60 cavalos nas suas 1.200cc, porém é necessário que novamente se observe a história, a época e todos os fatos relevantes.
Chego a primeira curva e antes de tangenciar procuro pelo retrovisor se vem alguém atrás, mas sou muito grande e nos espelhos só vejo o asfalto e os pneus traseiros.
Tento virar o pescoço, mas é difícil e não dá muito certo. Busco então a parte de fora da curva, quase que num instinto de defesa, e deu certo. O Aldee passou 'rasgando' por mim.
Aquela 'voz do anjinho da guarda' dá os parabéns pelo que acabei de fazer e me lembra que devo fazer isso o tempo todo que estiver na pista, e assim o faço durante as 5 voltas, que são um agradável passeio a bordo de um carro sensacional, com histórias incríveis e num lugar belíssimo.

Enquanto dirijo o Fitti Vê vem a minha cabeça algumas histórias que já ouvi sobre essa categoria, personagens que marcaram época com esses carros (alguns já citados no início do texto) e me delicio com o magnífico visual da pista de Guaporé.
Olhar o trabalho da suspensão, ouvir o suave ronco do motor, o vento na cara e todo aquele clima que pairava no Autódromo de Guaporé. Aquele dia foi coisa de outro mundo.
Não busquei o limite do carro, não levei os giros até lá em cima, não dei uma 'atravessada' sequer nas curvas e nem tomei nenhum susto, e ainda assim arrisco dizer que de todos os 5 carros que andei esse foi o melhor de todos.
Não pela potência ou desempenho, mas pelo valor histórico, pelas emoções e sensações que senti e pelo tanto que pude curtir cada segundo ali dentro, só eu e os 'deuses' da velocidade.
Fiquei imaginando quantos pilotos estavam, lá do céu, olhando aquela pista e sorrindo, com o peito estufado por um bando de malucos estar preservando a memória daquilo que eles começaram tantos e tantos anos antes, e que nisso investiram grande parte do tempo a sua vida. Foi sensacional! 

Parei nos boxes com a balaclava encharcada, mas não era de suor...
A alegria que eu estava sentindo nesse momento é inexplicável. Alma leve, feliz, com a certeza de ter acabado de fazer uma das coisas mais legais em toda a minha vida.
Estava no céu, igual ao Ceregatti e todos os outros!

Fotos: Acervo pessoal Francis H. Trennepohl

8 comentários:

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Oi Francis ficaram ótimos seus textos sb essa aventura histórica parabens.De coração.

Rui

P.S. Agora dizer que vc é apenas grande! E a barriga que ficou de fora?????

regi nat rock disse...

É isso aí Francis.
Emoções, emoções e somente emoções.
Belo texto.
Abração.

Francis Henrique Trennepohl disse...

Valeu Rui, muito obrigado!
A barriga é um capítulo a parte, e merece um post explicando que o motivo do seu avantajado tamanho é em função das centenas de litros de Coca Cola absorvidos por ela durante o ano.

Grande Regi, valeu!!! "São tantas as emoções"...

Bianchini disse...

Quanto mais vejo fotos de porte físico parecido com o meu em fórmulas, menos gosto do negócio... quero o carro do Tony "Smokey Bear" Stewart!!!

LARRI disse...

FRANCIS, já comecei na academia, mas tenho certeza que nem que o próximo evento aconteça daqui a dez anos eu entrarei em um fórmula; para mim só carro turismo.

Francis Henrique Trennepohl disse...

Bianchini e Larri, vocês me matam rindo com esses comentários... hahaha

ivan79 disse...

É isso aí Francis, continua tomando muito Coca Cola .... assim meu emprego está garantido... rsrsr..

Ivan - Coca Cola - Curitiba Pr

Francis Henrique Trennepohl disse...

Manda um caminhão pra minha casa, Ivan... hahahaha