FELIZ, FELIZ, FELIZ! QUERO MAIS!!!

Até sexta feira no final da tarde eu não iria correr as "100 Milhas de São Bento do Sul". Nada do que eu fazia estava dando certo, era um problema atrás do outro que impedia minha ida pra lá, mas 'o vento virou' e às 11 horas da noite a mala estava quase pronta.
No sábado pela manhã um monte de 'pepino' pra resolver antes de carregar o carro e pegar a estrada. Saí de Floripa depois das 10 da manhã, e poucos quilômetros após entrar na BR 101, tudo parado. Os caras praticamente fecharam a rodovia pra fazer reparos, e a fila era quilométrica.
Eu olhava pro relógio, olhava pro tamanho da fila (que não andava!) e o desespero tomando conta. "Não vai dar tempo", dizia uma voz lá na cabeça.
Após quase 1 hora, andamos 3 ou 4 quilômetros e a 'tranqueira' ficou pra trás.
Chegamos na pista já era passado das 3 da tarde e estava na metade do último treino livre. Restava só o classificatório.
Entrei na pista e o carro falhando, falhando... Parei nos boxes e o Frantz (Luís Carlos Frantz, um dos gênios do volante aqui na terra) me deu uma mãozinha olhando o motor e disse que havia muito ar nas mangueiras de combustível.
Semana passada, em Ascurra, já tinha sentido um forte cheiro de combustível no carro, mas procuramos e nada foi encontrado.
Voltei pra pista pra tentar memorizar o traçado, já que nunca tinha andado lá, e mesmo com o carro falhando deu pra pegar algumas referências e gravar na 'caixola' pra qual lado tinha que virar o volante.
Voltando aos boxes, hora de descobrir o que estava incomodando.
Assim que soltei os parafusos que prendem o tanque de combustível e mexi nele já veio um 'esguicho' de álcool. A mangueira de cobre estava quebrada.
Desmontei tudo, serrei, consegui uma mangueira com o Juliano "Cabeção" Marcon, da GP Motorsports, e 1 hora depois o "Pinico" já andava nos boxes testando se tudo tinha certo. 

A mangueira quebrada. 

Chegou o domingo. Após a corrida dos Fuscas Cross e Gaiolas, foi feito um desfile com os carros e pilotos pela pista.
Aliás, aqui vale abrir um parêntesis: a ideia do desfile não é nova, mas é uma "receita de bolo" antiga e que sempre funcionou. Nota 10 pro São Bento Motor Clube!
Não tinha ninguém pra levar o "Pinico", aí vi o Marcelo "Fusquero" Wotroba e 'intimei' pra que ele fosse na boléia. Nunca mais vou esquecer da tua cara, Marcelão! O brilho nos olhos e o sorriso na boca eram iguais aos de uma criança que acabara de ganhar a primeira bicicleta. 

Marcelão feliz da vida! 

O público aplaudindo, tirando fotos, foi tudo muito legal!
Depois foi a hora do warm up. Mal saí dos boxes e o "Pinico" apagou. Percebi que era alguma coisa elétrica, mas não consegui achar o quê.
Depois descobri que era só o plugue da chave do botão de partida que havia caído.
Hora de ir pra corrida. Alinhei em último, mas aí apareceu o Fusca do Anderson "Andróide" Reiper pra fechar a última fila, já que ele não havia participado do Classificatório.
A largada foi 'show de roda'!
Passei o Jonas Waselowski (ex-companheiro da TCC) e me meti num bolo de carros na primeira curva, cada um buscando o seu espaço, e não sei quantos eu passei ou quantos me passaram, sei que foi demais!
Desde a largada até cerca de 40 minutos de prova fiz um 'pega' da mais alta qualidade (não no sentido técnico, mas sim de lisura e desportividade) com o Dagoberto Moraes (Chevette 18) e com o Jonas Waselowski (Gol 31).
Eu e o Jonas trocamos de posições algumas vezes, mas o 'Dago' eu não consegui ultrapassar.
Até coloquei do lado algumas vezes, mas faz falta aquela caixa de câmbio que ainda não tenho!
Nessa brincadeira de 'passa-não-passa' o meu párabrisas virou um depósito de lama, e o pouco que eu enxergava era deitando a cabeça na janela e olhando principalmente pelo chão da pista e me guiando na luz de freio do Dagoberto, até que não deu mais certo.
Vi a luz de freio do Chevette, "alicatei" o Fusca, contei até 2 e virei o volante achando que já estava na curva, mas ainda não era, aí fiquei atolado num lamaçal por umas 2 ou 3 voltas.
Com a ajuda do pessoal do resgate do São Bento Motor Clube voltei pra prova, e fui direto para os boxes fazer o abastecimento e limpar o párabrisas.
De volta pra corrida, minha briga com a caixa de câmbio continuava, e já durava desde a largada.
Principalmente a 3ª marcha insiste em desengatar sempre, e fiz praticamente a corrida toda só com uma mão no volante, e a esta altura, depois do reabastecimento, a 2ª marcha não estava mais entrando, e quando entrava também queria 'pular fora'.
Mais alguns minutos de prova e o carro apagou. Logo imaginei que fosse outra pane elétrica, mas desta vez a bateria se soltou e arrancou o cabo.
O Ney (Sidney Andrade, parceirão de todas as horas e ex-companheiro da TCC) deu uma força gigante arrumando tudo, enquanto eu era avisado de uma vazamento grande de combustível na frente do carro.
Com a vibração a barra de direção acabou furando o tanque. Com uma marreta emprestada do Nivaldo Ávila (Ávila Racing), amassei o tanque e o Ney preparou um 'curativo' de Durepoxi. 

O conserto no tanque de combustível.
De volta à corrida, a 2ª e a 3ª estavam me massacrando. O braço direito não suportava mais as dores, e o esquerdo idem, brigando sozinho com o volante.
Num determinado momento a 3 'pulou fora' no meio da primeira curva, me deixando em ponto morto numa das curvas mais rápidas da pista.
A traseira foi embora e a frente do "Pinico" apontou pro barranco. Por instinto, chamei nos alicates e deixei o carro rodar.
Assim que parou engatei a ré e vi crescendo na minha direção o Gol 12 do Dirceu Rausis/Thomas Schwartz. Que cagaço!!!
Mais algumas voltas e vejo a placa de última volta. Uma mescla de alívio e "já?!?! Quero mais!".
Não tenho a menor dúvida que foi a melhor corrida da minha vida. Deu pra curtir, chorar, sorrir, me diverti muito e realizei um dos meus sonhos que era correr em São Bento, a "Indianápolis" da terra. 

Alguns 'machucados' no "Pinico Atômico".

Aproveito aqui para alguns agradecimentos especiais para pessoas que contribuiram muito para que tudo desse certo neste final de semana:
- Aglaís, Gabriel e João Henrique, minha família e meus "secretários" na parte mecânica
- Bruno Rossa (BRUNO RACING), que mesmo não podendo estar em São Bento me passou tudo que eu tinha que fazer e deu tudo certo, além de ter feito um trabalho espetacular no carro
- Adolf Schartner
- Aladir Amorim
- Alan Schwartz
- Alencar Hoinoski
- Alter Torcatto
- Amauri "Juca" Lisboa Junior
- Ararê Novaes
- Arildo Frankenberger e FF Racing
- Armando Dargham
- Carlos Henrique Berg
- Charles Oliveira
- Assir De Lucca
- Cesar "Pancho" Gritti
- Davi Dal Pizzol
- Diogo Locatelli
- Elke Zalasik
- Eni e Rogenes Santana
- Felipe Tozzo
- Flavio Gomes
- Juliano Dutra
- Juliano "Cabeção" Marcon
- Jómerson Silva
- Ike Nodari
- Ingo Hofmann
- Ivo Edison Dose
- James Ramos
- José Bornemann
- José Ramos
- Jimmi Torres
- Junior Baifus
- Leomar Fendrich Júnior
- Leonardo Fortunato
- Leonel Junior Pavan
- Levi Bini Junior
- Luís Carlos Frantz
- Marcelo Pacheco
- Marcelo Schreiner
- Marcelo Wotroba
- Mario Diego Broering
- Maurício Morais
- Mestre Joca
- Ney Andrade
- Nivaldo Ávila
- Orlando Belmonte Junior
- Paulo Trevisan
- Pedro Garrafa
- Renni Schoenberger
- Roberto Pruner
- Rogerio Eineck
- Rui Amaral Lemos Junior
- Ruslan Carta Filho
- Tito Morestoni
Muito obrigado!!!

Ao pessoal do São Bento Motor Clube, PARABÉNS, PARABÉNS e PARABÉNS!
Na parte de organização, horários, receptividade, atenção e agilidade na solução de todos os problemas que iam surgindo, foram nota 10 em tudo!
Parabéns também à FAUESC por abraçar a ideia desta corrida.
Espero que essa corrida vire tradição e se repita por muitas e muitas vezes.
O resultado das baterias está abaixo:
- Fórmula Tubular/Fusca Cross/Gaiolas
- Marcas

A galeria de fotos do Jimmi Torres, do Barulho de Motor está aqui (sábado) e aqui (domingo).

Fotos: Acervo pessoal Francis H. Trennepohl