quinta-feira, 7 de julho de 2016

O pior ano da história!

"Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade" (Paul Joseph Goebbels - Ministro da Propaganda de Adolf Hitler na Alemanha Nazista).
Mentir é feio. Papai e mamãe nos ensinam isso. Também ensinamos aos nossos filhos que mentir é feio e traz consequências ruins.
A mentira tem perna curta, é manca e não se sustenta.
Recebi essa imagem abaixo de um piloto (ou seria mais um ex-piloto?) que diz: "É propaganda mentirosa". Vejam.
Pois bem, respondi a este piloto (que pediu anonimato) que ele tem razão sim, é uma grande mentira essa de que "o Campeonato não para de crescer", a não ser que, a exemplo da economia brasileira e como disse um ex-ministro outro dia, o crescimento é negativo. O que cresce pra baixo é rabo de cavalo!
Esse discurso de "crescimento" é uma enganação deslavada na cara dura, algo que vem sendo repetido em entrevistas, programas e no material distribuído a imprensa. Parece ser uma tentativa de repetir mil vezes uma mentira na esperança de que ela se torne verdade, e para chegar a esta conclusão basta, além de cérebro e um pouco de discernimento da realidade, analisar os números!
Existem muitas formas de "gerar mídia positiva", terminologia moderno-babaca que inventaram e que vem dominando os meios jornalísticos, publicitários e de relações públicas, além de outros, mas em especial estes 3.
Uma coisa é 'cavar' algo de bacana num evento e trabalhar em cima disso (e o Catarinense tem coisa legal pra se gerar material bom!). Outra é mentir, e neste caso estão mentindo!
O "CCA" (Campeonato Catarinense de Automobilismo) não está crescendo coisa alguma, muito pelo contrário, está cada vez com menos pilotos e, caso nenhum fato novo, inovador e que realmente motive os pilotos e equipes venha a acontecer, ruma a passos largos para o abismo e, quiçá, sua extinção.
Os números comprovam que este ano de 2016 é o pior campeonato de todos os tempos no que se refere a quantidade de participantes. O que consola e salva é a qualidade técnica dos pilotos que é altíssima, algo que jamais foi perdido por aqui, independentemente do tamanho do grid.
Estes mesmos números da temporada 2016 são assustadores e já deveriam ter ligado uma luz amarela (ou melhor, vermelha!): média de apenas 37 carros por etapa, e são 7 categorias em disputa!!! A média por categoria é de míseros 5,2 carros a cada etapa.
Se analisarmos em separado categorias como a Marcas "B" (média de 2 carros por etapa, e vale ressaltar que em Santa Cecília enfiaram até carro da TCC pra "ajudar a fazer grid", rasgando o regulamento da categoria que não permite carro carburado) e a Stock Car Opala "B" (média de 0,6 por etapa), é pra fechar a bodega e tacar fogo com tudo dentro.
Não incluo a TCC (Turismo Clássico Catarinense) e a Copa Serrana nestes números por se tratarem de campeonatos paralelos e que apenas são disputados em conjunto com as etapas do Catarinense. Aliás, tanto a TCC quanto a Copa Serrana representam entre 20 e 30% do total de pilotos inscritos. Dois campeonatos que, assim como a Mini Fórmula Tubular, sempre foram olhados por alguns com certo desprezo, ironia e alvo de piadas maldosas.
Escrevi este texto em março, logo após a abertura do Campeonato, e citei nele que se não fosse o enxerto de categorias no campeonato e as coisas tivessem seguido com as 3 categorias existentes no passado, a Marcas (atual Marcas "N"), a 1.600cc (atual Marcas "A") e Força Livre (atual Stock Car, sem as subdivisões), os grids atuais não alcançariam, somadas as 3 categorias, 25 carros, quando antigamente ficavam na média entre 18 a 25 carros em cada uma, e, dependendo da etapa, dava 30 carros inscritos numa única categoria.
É público e notório que a crise financeira pela qual o país atravessa tem influência nestes números, mas é tão simplista quanto imbecil querer usá-la como escudo contra críticas e agarrar-se nela como desculpa político-administrativa para erros que passam longe do bolso dos pilotos.
Vocês sabem quantos pilotos participaram assiduamente de todas as 5 etapas  do Catarinense realizadas até o momento neste ano? 15, isso mesmo, APENAS 15!!!
Baseado nestes números e comparando-os com todas as outras temporadas é fácil concluir que 2016 está sendo simplesmente o pior ano de toda a história do Campeonato Catarinense de Automobilismo, que começou oficialmente em 1982 e desde quase sempre carrega consigo "o melhor e maior campeonato de velocidade na terra no Brasil". Melhor, não tenho dúvidas que sim. Maior, atualmente, nem a pau. Procon e Estatuto do Torcedor em quem aplicar esse 171.
Só para se ter uma ideia, o "CCA" desse ano supera, no sentido negativo, as temporadas de 1992 e 1993, quando foram disputadas somente a "Força Livre" (atual Stock Car) e a Marcas.
Aos que se agarram na crise como única justificativa para os grid desse ano, lembro-lhes que, a título de curiosidade e comparação, a inflação acumulada do ano em 1992 foi de 1.119%, enquanto em 1993 foi de 2.477%. O acumulado de 2015 da inflação foi de 10,67%. 
Entenderam ou preciso desenhar? O problema vai muito, mas muito além da questão financeira...

Pra encerrar: o Campeonato Paranaense de Velocidade na Terra 'enfiou' quase 90 pilotos no grid no último final de semana em São José do Pinhais, em 6 categorias. Em todas as etapas deste ano o Paraná teve número de inscritos superior ao de Santa Catarina, portanto a história de "maior campeonato do gênero" no país já foi por água abaixo. Infelizmente!

5 comentários:

Marcelo Cancian disse...

Triste realidade

Anônimo disse...

JA PASSOU DA HORA DE ABRIR A CAIXA PRETA DAS FEDERACOES NO BRASIL
ABS
FERNANDO

Adolf Schartner disse...

Francis, acho que o próprio interesse pelo automobilismo está cada vez menor. Aquele entusiasmo fervoroso da geração que via seu ídolo maior, Ayrton Senna, vencer corridas aos domingos de manhã esfriou. Nota-se isso pela quantidade de público nos autódromos.

Ike Nodari #41 disse...

Perfeita a sua análise, Francis. Como sempre cirúrgica e contundente a intervenção. Infelizmente a não percepção da realidade posta, faz com que um tesouro seja perdido. São esses altos e baixos que desistimulam muitos pilotos e equipes a participarem do CCA. Tomara que os envolvidos, principalmente os dirigentes consigam reverter o lamentável "quadro clínico do paciente".

Francis Henrique Trennepohl disse...

Entre emails e mensagens pelo WhatsApp foram 31 manifestações de pilotos, ex-pilotos e preparadores que fizeram suas considerações a respeito deste texto, sendo que todos concordaram com o conteúdo e o teor publicado, porém nenhum quis se manifestar publicamente.
Respeito esse desejo, mas o que me preocupa é que o "medo" em se manifestar se dê pelo medo de represálias por parte da "entidade-mãe" do automobilismo.
O resumo disso é que só é "bem visto e querido" quem bate palmas. Os que criticam, cobram e tem posições diferentes da "entidade-mãe" sofre (ou pode sofrer) as consequências das suas opiniões.
E viva a democracia!